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Polícia investiga conduta policial e de moradores que lincharam suspeito de matar criança em Tabira-PE

Linchamento de suspeito de matar criança em Tabira gera comoção e debate sobre justiça e direitos humanos.

Por: Gazeta do Sertão
19/02/2025 às 06h18
Polícia investiga conduta policial e de moradores que lincharam suspeito de matar criança em Tabira-PE

Um caso de violência extrema chocou o sertão de Pernambuco nesta semana, envolvendo a morte de uma criança de 2 anos, o linchamento de um dos suspeitos e um debate acalorado sobre justiça e direitos humanos. No domingo (16), Arthur Ramos Nascimento foi encontrado morto após supostamente ter sido torturado. O crime mobilizou a população de Tabira, cidade localizada a cerca de 400 km do Recife, e culminou em um ato de violência coletiva que resultou na morte de Antônio Lopes Sever, um dos suspeitos do assassinato.

Antônio e sua companheira, Giselda da Silva Andrade, foram presos na zona rural de Carnaíba, município vizinho, por policiais do 23º Batalhão da Polícia Militar (BPM) e do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI). Ao serem levados à delegacia de Tabira na noite de terça-feira (18), uma multidão se aglomerou no local. Imagens mostram dezenas de pessoas cercando a delegacia, clamando por justiça. Antônio foi retirado da viatura e espancado pelos populares. Ele morreu enquanto era transportado para o hospital. Giselda, sua esposa, conseguiu escapar das agressões.

O suspeito foi inicialmente atendido no Hospital Municipal Dr. Luiz José da Silva Neto, em Tabira, mas precisou ser transferido para o Hospital Regional de Afogados da Ingazeira. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu antes de chegar à segunda unidade de saúde. A morte de Antônio reacendeu o debate sobre a justiça feita pelas próprias mãos e a atuação da polícia em situações de comoção pública.

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Ativistas de direitos humanos tomaram as redes sociais para criticar a ação da polícia ao levar os suspeitos para a delegacia de Tabira, cidade onde o crime ocorreu. Eles argumentam que a decisão foi irresponsável, pois facilitou a mobilização da população, que já estava em estado de choque e revolta com a morte brutal da criança. Para os defensores dos direitos humanos, a reação da comunidade, embora compreensível diante da dor e da indignação, não justifica a violência e a falta de respeito à vida humana.

A Polícia Civil de Pernambuco anunciou que vai investigar a conduta dos policiais envolvidos no caso, bem como a ação dos moradores que participaram do linchamento. O objetivo é apurar se houve falhas no procedimento de segurança durante a transferência dos suspeitos e se os agentes públicos agiram de acordo com os protocolos estabelecidos. Além disso, a investigação vai apurar as circunstâncias do linchamento e identificar os responsáveis pela agressão que resultou na morte de Antônio.